5.1.09

Meus tempos de criança.

Gosto muito de música e vivo a letra. Existe uma de Ataulfo Alves, cujo nome é: “Meus tempos de criança”, que me é particular.
“Eu daria tudo que eu tivesse /Pra voltar aos dias de criança/ Eu não sei porque a gente cresce/ Se não sai de mim essa lembrança”.
Penso nos dias de criança. Éramos “unidos/desunidos”, quase todo o dia uma briga, depois as pazes.
Eu, Maurício Pitota, Flávio e Haroldo Azevedo, Carlinhos Limarujo, Carlos e Gerson Dumaresq, Toinho e João Ferreira. Ivan e Douglas Leite, Paulo César Cavalcanti, Eduardo Moura, Gláucio e Bergenaldo Wanderlei, Marcilio Carrilho, Gotardo e Paulinho Emereciano, Joca, Dudu e Barbosa Rodrigues, Ricardo e Roberto Bezerra, Fernando Baleia e Paulinho Barbosa, Paulinho Sobral, Jomar Monteiro, Pedro Sérgio Ferreira, Ideval Junior, Silvio e Cláudio Procópio, Valério Marinho, Aldemir Pintinho e Aldacir (Cabo Goia) Vilar, Fernando Cocentino, José Narcélio, Francisco Elmano (Boy) e Severino Marques Sousa, Paulinho Furtado, Ronaldo Góis, os irmãos Valdenor, Valdécio, Valmachio e Valderi Félix, Roberto Teixeira, Sérgio e Andre de Melo Lima, Wilson, José e Domirio Oliveira, Félix e Ivo Fialho, Emerson Almeida (Nego Xuxa), Cleiber e Fernando Ferreira, Eduardo Demônio Gomes, José Eduardo Vilar, Olivério e Silvério Noronha e muita gente que não vai dar para citar. Era um timaço que tinha a seu território entre as ruas Trairi e Açu, Afonso Pena e Floriano Peixoto no corredor central a Rua Mossoró.
“Aos domingos missa na Matriz”.
A Matriz era de Santa Terezinha e o seu pároco era o cônego Luiz Wanderlei, vascaíno doente, tinha horror à mulher que mostrava as partes “íntimas”. Na época, os ombros e os joelhos eram considerados tais partes. Era um pecado, ele rezava a missa em latim mais ligeiro do que ejaculação precoce e ficava passando os olhos pelas vestes femininas. Se descobrisse um ombro de fora ou a ponta de um joelho a igreja virava de cabeça para baixo, e a pobre moça era julgada como no tempo da inquisição. Isto porque, ele rezava de costas para os fieis, já pensou se fosse aos dias atuais? Nem minha mulher eu deixaria ir á igreja.
“Que saudade da professorinha/ Que me ensinou o bê a bá”.
Minha professorinha era (ainda é) Dona Maria Dourado, mãe dos queridos amigos Marcos e Mário Dourado. A escolinha começou na Rua Floriano Peixoto e terminou na Rodrigues Alves, Lembro-me de Ivoncísio Medeiros, os irmãos Alberto e Roberto Lima, Helio Dourado, este ria mais de que político, quando ri da miséria alheia.
“Onde andará Mariazinha/Meu primeiro amor onde andará?”.
Ah..., Meu primeiro amor..., Onde andara? Não posso dizer, todo primeiro amor tem um marido que é uma fera.
“Eu igual a toda meninada/ Quantas travessuras eu fazia”.
Fui muito travesso, eu era moleque (não MOLEQUE), fazia muitas travessuras que não desaprendi, ainda hoje sou assim.
”Jogo de botões sobre a calçada” Aí eu era bom, bom não, eu era ótimo, a turma toda era pato, não perdia uma. Isto valeu uma das maiores alegrias Limarujo que depois que abandonei o jogo de botões a quarenta e cinco anos, ele conseguiu me vencer por 2x1, com uma arbitragem facciosa de Manoel Enéas Pereira Dias que se vendeu pela quantia de cinco latas de cervejas Skol, que na época nem descia redonda. Foi festa grande em Muriú, com direito a carreata, Limarujo passou quinze dias sem dormir de alegria.
“Eu era feliz e não sabia”.
Realmente éramos felizes. Eu era feliz, brincava de tica, bandeirinha, bola de gude, carro de cocão ou de lata de leite ninho, peladas na calçada, o famoso bossa nova, uma espécie de barra a barra de uma calçada para outra, guerra de baladeiras e muitas outras. Tínhamos brincadeiras inocentes, como chamar militares de periquito, tapioca ou de meganha, só para que eles corressem atrás da gente. Corríamos dando sonoras gargalhadas. Até os gays eram famosos, (vejam só) Velocidade, Rosinha e Cu De Ouro. Tinha figuras folclóricas, como Cambraia que vendia jornais, um cidadão que ficava emputecido quando a gente gritava – Caju cadê a castanha? Havia Alicate um pedinte, que quando chamado pelo apelido corria com um canivete atrás de gente. As peladas nos terrenos de Seu Valdir e de Dr. Paulo Sobral. A casa de Silvio Procópio era vizinha e quando ele perdia, ficava puto da vida e soltava um cão (pastor alemão) dentro do campo, o espetáculo parecia os Cristãos entre os leões de Nero. Os choros e os juramentos de mortes eram constantes, mas com o tempo a paz voltava a reinar.
Entre tapas e beijos crescemos, criamos os nossos filhos e hoje, muitos com netos. As histórias e estórias certamente ainda são contadas.
Augusto Coelho Leal, engenheiro e avô.
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Um comentário:

Ivoncisio disse...

Porra Guga! isso não se faz com um "jovem de 66 anos... Logo hoje que eu não posso me emocionar, depois de uma sessão de quimioterapia.
Descobri hoje a nossa "Natal de Ontem". Voce me colocou no filme e na platéia do "Cinema Paradiso".Não pude evitar algumas gotas de orvalho. Ainda bem que não borra a telinha. Coloca jo jornal. Vai causar sucesso... inclua os nossos "blocos carnavalescos. Um fraterno abraço de Ivoncísio (ivoncisio@gmail.com)