(*)- Texto por José Eduardo Vilar Cunha, publicado no blog O Teorema da Feira.
30.9.09
O Início do Rádio no Rio Grande do Norte (*)
(*)- Texto por José Eduardo Vilar Cunha, publicado no blog O Teorema da Feira.
26.9.09
1904 - Obra da Ribeira (*)
Augusto Tavares de Lyra assumiu o Governo do Estado em 25 de março de 1904, ficando no poder até 05 de novembro de 1906. A sua administração foi marcada, inicialmente, por um período de seca que assolou todo o Rio Grande do Norte. Em conseqüência disso, retirantes migraram em grande quantidade para Natal, preo0cupando as autoridades administrativas locais – da mesma forma que ocorreu no final do século XIX. A aglomeração dessas pessoas nas ruas da cidade seria apontada, pelos inspetores de Higiene, como responsável das condições sanitárias da capital, registrando-se o retorno da varíola, nesse mesmo ano de 1904, fazendo muitas vítimas em Natal. De forma dramática, Câmara Cascudo expôs a situação daquele momento “... com a cidade inteiramente repleta de sertanejos que a seca atirara pelas estradas, morriam uns vinte por dia”.
Segundo o censo demográfico, Natal possuía, em 1900, 16.056 habitantes. Em 1904, no entanto, esse número foi praticamente duplicado com a migração de cerca de 15.000 flagelados à procura de trabalho, de comida e de melhores condições de vida. A descrição do engenheiro Sampaio Correa, quando de sua chegada a Natal, em 12 de março de 1904, para Chefiar uma Comissão de Estudos e Construção de Obras contra os efeitos da seca no Rio Grande do Norte, confirma o estado de calamidade na cidade em decorrência das migrações;
“Natal estava invadida por cerca de 4.000 retirantes, a dormirem ao relento nas ruas mais afastadas do centro, quase sem vestes e sem alimentos, que não lhes podiam fornecer a pequena população da cidade, em geral pobre, de 10 a 12.000 habitantes no máximo. Vezes várias, em famílias dos engenheiros hospedados no hotel, situado no centro comercial, tiveram acudir, com um prato de sopa ou com uma fatia de carne, os retirantes, caídos nas proximidades, exaustos de fome”.
O ano de 1904, embora referido nas mensagens de governo como um período de poucas finanças, registra a realização de uma importante obra pública; o aterro e ajardinamento da antiga Praça da República na Ribeira que, por meio de uma Resolução da Intendência Municipal, passou a se denominar Praça Augusto Severo, em maio de 1902. Reclamava-se a urgência da intervenção nesse espaço, pois – em períodos de inverno – vivia constantemente inundado pelas águas do rio, o que suscitaria os vapores miasmáticos, fator pelo qual era apontado como foco de “pestes”. A proximidade com o Teatro Carlos Gomes e a ameaça contínua de epidemias justificaram a execução desse serviço, muito requestado pelos médicos e pelas administrações passadas.
A obra, iniciada em 01 de junho de 1904, ficou a cargo do arquiteto Herculano Ramos – o mesmo responsável pela construção do Teatro Carlos Gomes (local cada vez mais valorizado para uso da classe abastada). Essa ação, além de se constituir em uma medida de higiene pública, representou uma importante modificação na estrutura física da Cidade do Natal. A obra passava a interligar fisicamente os seus dois bairros consolidados: Cidade Alta e Ribeira – Xarias e Canguleiros -, antes separados por uma “campina pantanosa”, agora transformada em praça. Os recursos foram federais para obras contra a seca, sendo os próprios retirantes utilizados como mão-de-obra.
(*) Uma Cidade Sã e Bela - Angela Lucia Ferreira, Anna Rachel Baracho Eduardo, Ana Caroline Dantas Dias e Geoge Alexandre Ferreira Dantas. - Foto: Pontilhão na Praça Augusto Severo.22.9.09
IHGRN - Instituto Histórico e Geográfico.
20.9.09
Escola Industrial de Natal - 100 Anos (*)
Historicamente, a Escola Industrial passou por transformações nominativas, tais como: Escola de Aprendizes de Artífices, Liceu Industrial, (Escola Industrial de Natal, em nossa época), ETFERN, CEFET e, atualmente, IFRN.
Tais mudanças demonstram claramente os interesses políticos com o cunho meramente eleitoreiro e criando cada vez mais cabides de empregos. Na verdade, a Escola Industrial jamais deveria ter sofrido alteração na sua denominação específica e mais ainda, na sua filosofia de ensino e educação.
Particularmente, registramos nossa gratidão familiar a essa instituição que nos proporcionou a base fundamental da nossa educação, pois, registramos com muita alegria as oportunidades em que nossa saudosa mãe era homenageada por ser genitora do maior número de filhos que estudavam na escola.
Ademais, merece também registro relevante o gesto magnânimo de um homem de visão socialista como o então Presidente da República, Dr. Nilo Peçanha, criador das nossas Escolas Industriais no Brasil, há exatos 100 anos, que hoje comemoramos com altivez, orgulho e profunda gratidão, sobretudo, pelo que representa como resultado positivo do aprendizado adquirido naquela instituição em favor de todos que por ali passaram.
Importante registrar também, a nossa gratidão indistintamente a todos os nossos mestres, funcionários, servidores, auxiliares, enfim, do nosso diretor ao mais humilde servidor da instituição que se dedicaram sempre como se fossemos nós, alunos, seus próprios filhos.
Deixamos de fazer citações nominais, simplesmente para não cometermos omissões, pois, nossa gratidão é tamanha e a tantos, que seria difícil neste momento cita-los sem esquecimento, por isso, manifestamos expressamente nosso agradecimento eterno a essa instituição de ensino e a todos que dela participaram direta ou indiretamente pela relevante importância que tiveram em nossa formação.
(*) - Cleto Barreto - Advogado e ex-aluno da Escola Industrial de Natal como inúmeros natalenses.
19.9.09
Caranguejada à Graçandú (*)
1 Tablete deCaldo de carne
15.9.09
O Atheneu Norte-Riograndense (*)
12.9.09
Carnaval na Tavares de Lyra (*)
Nas calçadas próximas, o povo alegre com a passagem dos veículos vagarosos com as suas damas no seu interior ou no seu para-lamas. Era assim que se festejava o carnaval em uma cidade com ares de interior, naqueles idos do tempo. Na Catedral Metropolitana, o sacerdote não parava de dizer que aquilo er a festa do Demônio e que o bom cristão não deveria participar de tal evento temido pelo clero, nesse tempo, recolhido em oração em lugares distantes do meio da cidade. Mesmo assim, o povo não pensava em pecado e se pecar fosse aquilo, essa gente tinha o resto do ano para se arrepender, mesmo com o padre lhe dizendo que o que ele fizera era arte do Diabo.
Pois bem. Com o Diabo ou não, a festa se realizava costumeiramente e entre os presentes estavam os legítimos representantes do comercio de Natal, e entre estes, os homens menos afortunados da cidade, levando a brincadeira no seu melhor prazer. Via-se dentre muitos outros, o Rei Momo - que era a figura do Demônio para os clérigos, e pessoas que estavam a trocar o dias de trabalho pelo dias de folia. E dentre estes, via-se seu Yoyo - um cidadão que se chamava Melchiardes Barros, eleito por cinco anos, entre 1920 a 1925, venerável da Loja Maçônica "Filhos da Fé", assunto que para o Clero representava o verdadeiro "perigo", pois a Igreja nunca se deu bem com a Maçonaria. E muitos outros adeptos da folia frequentvam as festas de Rei Momo, como o cidadão Zé Areias, cujo nome verdadeiro era José Antõnio Areias Filho, nascido no ano de 1900. Zé Areias era um autêntico folião que se vestia de mulher para se disfarçar, apesar de não usar máscara, fazendo arranjos no cabelo. Os seios avantajados de Zé Areias dava um toque a mais na sua idementária femenina. No meio dos que brincavam a folia estava o homem, popular por assim dizer, jogando confetes nos demais participantes, num toque de quem bem dizia: com dinheiro ou sem dinheiro, meu amor, eu brinco.
Na festa popular dos antigos carnavais costumava-se vê figuras como Zé Areias e seu Yoyo a fazer a animada algazarra. Seu Yoyo, para bem dizer, era um homem de baixa estatura, bem gordo, pele clara e, no Carnaval, ele saía ornamentado do homem pobre carregando um pinico com cerveja e linguiça dentro dele que dava a impressão de ser algo intoleravel de se olhar. Seu Yoyo carregava o pinico na altura de sua cintura, passeando para lá e pra cá. Sem falar. Naqueles aureos tempos como também não havia rádio e os gramofones eram peças raras e caras, o povo brincava com as melodias fetas em marchinhas que pouco gante decorava-lha a letra por completo, ficando apenas no soar do estribilho.
Em 1723 o carnaval chegou ao Brasil sob a influencia européia. Somente no século XIX é que os blocos carnavalescos surgiram com os carros decorados e pessoas fantasiadas de forma bem parecida como se faz nos tempos mais recentes. Mesmo assim, apesar de haver uma aceitação por parte da Igreja, nos idos 20 tinha-se o propósico de se rejeitar uma tradição pagã que teve origem na Grécia por volta dos anos 600 a.C. Através dessa festa os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção..Bem após, já os romanos inseriram bebidas e sexos na festa tornando intoleravel para a Igreja
* Alderico Leandro - Jornalista, poeta e crítico literário. - Foto: Cais da Tavares deLyra.
7.9.09
Em memória de Martha Salem (*)
Ainda menina, o pai a levou para conhecer a prima baronesa em seu solar, atualmente a Casa de Cultura do Assu. Uns setenta anos depois, D. Martha me contava que ficara decepcionada, pois esperava encontrar uma grande personagem, luxuosamente vestida e coberta de jóias, cercada de serviçais, e deparara com uma mulher simples, falando pouco e baixo, curiosa acerca dos familiares, modestamente vestida… Era D. Belisária uma dama ascética e piedosa, sendo o seu único luxo a carruagem puxada por duas imponentes parelhas de cavalos puro sangue que a transportava do Assu aos seus domínios de Serra Branca, em Santana do Matos. Dona Martha a descrevia como uma mulher “quase sem carnes, chochinha e sem graça…”
Amiga de mais de quarenta anos, adorava ouvi-la discorrer sobre o passado da nossa querida e velha cidade. Lembro-me a propósito do quanto aprendi sobre os hábitos alimentares dos assuenses há mais de 100 anos; dos assuenses, claro, da sua categoria social e de outras peculiaridades etnográficas que eu ia buscar no fundo da sua memória.
Filha de Minervino Wanderley, tesoureiro e administrador das propriedades e bens pertencentes à Paróquia de São João Batista, que apesar de santo chegou a ser um grande latifundiário, fez parte da primeira turma de alunas do tradicional Colégio Nossa Senhora das Vitórias, administrado por religiosas austríacas que lhe ensinaram três idiomas, o alemão, o inglês e o francês.
Voluntária avant la lettre, dedicou-se por mais de setenta anos a ensinar esses idiomas, especialmente o alemão que era a língua natal de suas inesquecíveis mestras estrangeiras. Há uns cinco ou seis anos, almoçando em sua companhia, perguntei-lhe se recebera alguma vez alguma manifestação de reconhecimento do governo alemão e ela respondeu-me que não.
Nesse mesmo dia – um domingo – ao voltar para casa, escrevi um artigo a respeito e, após publicá-lo no Mensageiro Potiguar, mensário criado pela jornalista Nadja Lira, remeti-o ao embaixador alemão em Brasília, encarecendo o pioneirismo de Dona Martha como propagadora entre nós do seu idioma. Pouco depois, ela foi procurada pelo cônsul que a homenageou, se não me engano, com uma comenda…
P.S.: Dona Martha era Cidadã Natalense, título outorgado pelos Vereadores de nossa capital.
5.9.09
Comer e Beber (*)
A venda dos peixes, nos mercados, era feita tradicionalmente anunciada pelo eco de um grande búzio, “soprado por sujeito de fôlego e que estrondava pela cidade silenciosa até os seus confins”.
- O que levas aí, é a Bíblia?
Resposta rápida do negro:
- Não senhor, é o Código Penal.
Das bebidas, só há registro da cachaça de Papari, que ele chama “a deusa dos ébrios”, e a “laranjinha”. Para as pessoas de categoria, havia a “Genebra de Holanda”, importada em botijas de barro vitrificado.
3.9.09
Um marco para a História Potiguar. (*)
Mais antigo que a própria cidade, a Fortaleza começou a ser construída em 6 de janeiro de 1598, dia dos Santos Reis. Não passava então de uma típica instalação militar do século XVI, uma frágil garantia de segurança para os portugueses, em constante embate contra franceses e índios. Seis meses depois, João Rodrigues Colaço assumiu o cargo de Capitão-Mor da Fortaleza.
Reconstruída seguidamente, manteve sempre as características da planta original.
Sua forma atual, lembrando uma estrela de cinco pontas, surgiu somente em 1614, num projeto do arquiteto militar Francisco Frias de Mesquita. Concluído em 1628, o novo forte ficou pouco tempo nas mãos dos portugueses. Em 1633, foi conquistado pelos holandeses da Companhia das Índias Ocidentais, passando a chamar-se Castelo de Keulen.
O domínio holandês na região durou duas décadas e, durante este período, o Forte dos Reis Magos serviu não apenas como instalação de defesa, mas também de prisão para brasileiros e portugueses e casa de hóspedes para personalidades, como o príncipe Maurício de Nassau.
A Fortaleza foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 15 de janeiro de 1949 e em 1965, incorporada ao patrimônio cultural da Fundação José Augusto, por decreto governamental.
Hoje, o Velho Bastião, quer pela arquitetura militar portuguesa, quer pela história que encerra, quer pela expressiva visitação de nacionais e estrangeiros, destaca-se como importante pólo no universo turístico-cultural do Estado do Rio Grande do Norte.
A Fortaleza dos Reis Magos constitui-se no marco principal do entrelaçamento das culturas européia e nativa, onde se desenvolveu toda a dinâmica social, em seus múltiplos e variados aspectos, dando origem a colonização da Capitania do Rio Grande, servindo, ainda, de referência e apoio às fundações dos Estados do Ceará, Maranhão, Pará e à conquista do Norte do Brasil.
A Fundação José Augusto revitalizou a Fortaleza dos Reis Magos e seu entorno, com intenções de abrigar as mais diversas expressões das artes, tais como exposições temporárias, saraus, concertos e, ainda, torná-lo um local aprazível de lazer, buscando alcançar o retorno social que o custo de sua manutenção requer. Ao mesmo tempo, resgatando e valorizando a importância daquele magnífico monumento, riquíssimo em história e em exemplos de bravura e patriotismo, para o Estado do Rio Grande do Norte, para a Cidade de Natal e, fundamentalmente, para a sociedade potiguar.
* Alexandro Gurgel - Jornalista